O fenômeno da violência sexual de crianças e adolescentes está cada vez mais presente no cotidiano das sociedades: seja através do aumento das denuncias nos últimos tempos ou pela crescente exposição desses casos nos meios de comunicação. E, apesar de qualquer caso de violência causar comoção entre os cidadãos, podemos dizer que esses crimes são os que mais causam aversão à população.
Diante desse cenário, costumam surgir muitas especulações de que esses tipos de criminosos só podem ser “monstros” ou, no mínimo, muito diferentes das pessoas ditas como “normais”; e, ao mesmo tempo, surge a seguinte pergunta: o que faz essas pessoas cometerem esse crime tão cruel?
Nesse sentido, a ciência do perfilamento criminal é capaz de elucidar esses questionamentos, ajudando a esclarecer quem seriam esses indivíduos e nos mostrando que, apesar do teor dos seus crimes, eles não estariam tão distantes dos seres humanos considerados como “cidadãos de bem”.
A tipologia dos abusadores preferenciais e situacionais:
Essa tipologia é a teoria que mais explora os perfis desses criminosos e é capaz de nos explicar quem seriam esses ofensores. Basicamente, divide os abusadores em dois tipos: os preferenciais e os situacionais.
Os preferenciais seriam aqueles que possuem uma orientação sexual dirigida primariamente às crianças, demonstrando condutas compulsivas e fantasias sexuais. Pode-se afirmar que estes seriam, no sentido estrito, os conhecidos como pedófilos molestadores. Geralmente, eles possuem um campo limitado de atividades, o que os leva a uma existência solitária. Recorrem à diversas estratégias de atração para conseguir suas vítimas, como a simpatia e os comportamentos infantis. Além disso, acreditam que suas condutas sexuais são apropriadas, tendo para si que o abuso seja fruto da sedução das crianças ou uma forma de educação sexual, devido às suas distorções cognitivas.
O número de vítimas dos preferenciais costuma ser alto e eles, frequentemente, planejam e procuram uma vítima específica, o que acaba por contribuir para que sejam vistos como verdadeiros predadores sexuais.
Já os situacionais possuem contatos isolados com crianças, sendo o habitual deles as condutas sexuais com adultos. São frequentemente casados e vivem com a família. Os abusos acabam por ser reflexos de situações gatilhos como: a solidão, o estresse, a crise existencial ou até mesmo o consumo excessivo de drogas, que os impelem a sentirem-se mais confortáveis com crianças e adolescentes. Dessa maneira, eles executam seus abusos de forma episódica e impulsiva, focando nas características gerais da vítima e utilizando como critérios de escolha a disponibilidade e a oportunidade.
Por isso, nesse tipo de abusador, é comum que as vitimas sejam crianças da própria família, ocorrendo à prática do incesto.
Portanto, fica perceptível o quanto o abuso sexual infantil é um campo complexo de caracterização e de interminável exploração cientifica, mostrando uma necessidade de aprofundamento nos estudos nesse tipo de crime, principalmente em nosso país.
Afinal, será que os abusadores de crianças e adolescentes no Brasil podem ser encaixados nessa tipologia? Ou, aqui, encontraríamos outras características que levantariam a existência de outros tipos de perfis desses criminosos?
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