A Psicologia Investigativa é uma atividade de muita importância para a Justiça Criminal. Ela é, inclusive, capaz de mudar os rumos de uma investigação e resolver crimes de grandes proporções. Muitos criminosos de alta periculosidade foram condenados e classificados de acordo com as metodologias dessa técnica.
Por esses motivos, é comum vermos o Criminal Profiling ser abordado em livros, séries e filmes, há muito tempo. Além disso, essa prática, também, vem conquistando cada vez mais pessoas, que sonham em seguir tal carreira profissional. No artigo de hoje, explicaremos como a Psicologia Investigativa funciona na prática e o que é necessário para exercer essa atividade. Confira!
Origem e características
Criminal Profiling, conhecido, no Brasil, como Perfilamento Criminal ou ainda como Psicologia Investigativa, é um ramo da Psicologia Jurídica, desenvolvido na década de 1960. Trata-se da aplicação de estudos psicológicos em investigações criminais para analisar e estabelecer perfis comportamentais de infratores.
Essa técnica entrou em voga graças aos agentes do FBI Robert Ressler e John Douglas e a psiquiatra Ann Burgess. O método utilizado por eles era chamado de “Análise de Cena do Crime” (Crime Scene Analysis). Por meio de entrevistas com assassinos famosos – feitas com questionários específicos, eram traçados perfis psicológicos, que analisavam motivações e características dos crimes. Esses três profissionais também foram responsáveis pela criação do Manual de Classificação de Crimes do FBI, juntamente com Allen Burgess.
Ao longo do tempo, as pesquisas em Criminal Profiling foram evoluindo e novas abordagens surgiram. Inclusive, foi com estudos do psicólogo inglês David Canter que o termo Psicologia Investigativa (Investigative Psychology) passou a ser utilizado. O pesquisador teve os crimes violentos como seu objeto de estudo e baseou-se na psicologia ambiental.
Existem, ainda, outras abordagens metodológicas, como Avaliação Diagnóstica, Geoprofiling e Análise das Provas Comportamentais.
O Criminal Profiling analisa múltiplas características de um crime. Desde o local em que este ocorreu, até objetos utilizados, tipo de vítimas e suas lesões etc.
A vida pregressa do infrator também é avaliada. Relações familiares e sociais, local onde vive, faixa etária, entre outros aspectos, contribuem para traçar um perfil comportamental do criminoso. O objetivo é encontrar repostas na maneira de agir do indivíduo, buscando padrões e especificidades. Assim, é possível evitar que mais pessoas sejam vitimadas por esse bandido.
Além da construção de um perfil para o criminoso, a Psicologia Investigativa ou qualquer outra metodologia do Criminal Profiling se preocupam em analisar as vítimas e testemunhas. Informações como o grau de proximidade que essas pessoas mantinham com o infrator ajudam a entender as motivações do crime.
Muitas vezes, inclusive, essas pessoas não revelem tudo o que sabem sobre o ocorrido. Então, a análise de Criminal Profiling abrange aspectos mais profundos, como a comunicação não verbal também (gestos, entonação, postura etc.). A análise do crime pela ótica da Psicologia Investigativa pode trabalhar com autópsia, entrevistas, questionários, testemunhos, análise operativa etc. Os seus resultados podem ir além da identificação de padrões de comportamento, ajudando a determinar julgamentos, escolhas punitivas, tratamentos psicológicos.
Quando o Criminal Profiling / Psicologia Investigativa se faz necessário?
O Criminal Profiling pode servir para a investigação de diversos tipos de crime, como, por exemplo:
- Assassinatos em série;
- Homicídio Qualificado;
- Crimes sexuais;
- Atentados terroristas;
- Torturas;
- Agressões;
- Mutilações;
- Sequestros;
- Incêndios criminosos;
- Crimes de ódio
- Perseguições etc.
Essa técnica é utilizada, especialmente, em crimes hediondos de natureza violenta e perversa.
Como atuar profissionalmente na área
Não existe uma graduação específica para Criminal Profiling. Mas, é possível ingressar nessa profissão a partir de cursos de especialização Lato Sensu.
Essa área do saber é multidisciplinar, então, o especialista deve ter conhecimentos jurídicos, médicos, científicos, psicológicos, psicanalíticos, linguísticos, sociológicos etc. Psicólogos, Psicanalistas e Psiquiatras são profissionais que podem seguir essa carreira, mas não somente. Há cursos destinados a pessoas com ensino superior em qualquer área, também. Além disso, formados em Direito, policiais, seguranças e médicos podem enriquecer seus conhecimentos com o Criminal Profiling.
O mercado de trabalho do Criminal Profiling é amplo, abrangendo instituições públicas e privadas e indo além do campo jurídico. Abaixo, listamos algumas atuações profissionais possíveis para quem tem interesse em seguir essa carreira.
Serviço público
É possível atuar na esfera pública, estadual ou nacional. Existem concursos para Polícia Civil, Polícia Federal, Forças Armadas, ABIN e Tribunais de Justiça. O tipo de atuação varia conforme a instituição, podendo ser mais voltado a criminologia, segurança ou inteligência.
Assistência em perícias
Além de funcionário público, um profissional do Criminal Profiling pode trabalhar com assistência na perícia criminal. Na maior parte das vezes, os peritos não possuem formação ou conhecimento aprofundado em Psicologia. Por isso, o acompanhamento de alguém dessa área é necessário em investigações.
Pesquisa e docência
A carreira acadêmica também é possível. Você pode desenvolver novas pesquisas sobre Criminal Profiling, a fim de contribuir com a literatura já existente desse campo do saber. Além disso, existe a possibilidade de seguir carreira como docente, seja na Universidade, treinamentos profissionais ou cursos de outras modalidades.
Consultoria empresarial
O Criminal Profiling, ainda, é muito útil em empresas do ramo da segurança. Portanto, existem oportunidades de emprego com consultoria nesses ambientes, onde o psicólogo investigativo leva seu conhecimento para o mundo corporativo.
Consultoria e assessoria para obras ficcionais
Também, é possível trabalhar como consultor ou assessor de escritores, roteiristas e diretores da dramaturgia. O Criminal Profiling é abordado na ficção frequentemente. Por isso, é comum que muitos autores procurem um especialista para auxiliar na criação de enredos, cenas e personagens verossímeis.
Consultoria em departamentos de RH – Recursos Humanos de instituições e empresas públicas e privadas
O trabalho do profiler tem sido valorizado, principalmente em análise de progressão de carreira onde é fundamental perfilar os funcionários que melhor se adequem aos cargos propostos.
Atuação em equipes internacionais de combate ao crime
Uminvestigado com conhecimentos de Profiling Criminal com domínio de língua pátria tem sido cada vez mais valorizado nas equipe internacionais de combate ao crime organizado.
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