Referência Nacional na Área Forense
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CSI: Crime Scene Investigation, NCIS, Dexter, Bones, The Body Farm, Chicago PD… Aposto que você já assistiu ao menos um episódio de alguma dessas séries ou de outras que não citamos. Os seriados são uma excelente opção de lazer e é indiscutível o sucesso que tramas que giram em torno da resolução de crimes fazem. E como não fariam sucesso? Em menos de uma hora temos um crime quase perfeito, todas as etapas da perícia e da investigação, e a prisão do autor do crime! Mas será que na vida real é assim mesmo que funciona? Continue lendo e descubra 5 mitos da perícia e das ciências forenses que os seriados te contaram!

1 – É possível escapar de uma explosão correndo e fazendo curvas.

A cena é clássica: o criminoso causa uma explosão gigantesca e o agente policial precisa escapar da inevitável bola de fogo. Então ele sai correndo e faz a curva, se escondendo de costas para a parede enquanto o fogo passa no corredor ao lado dele. Ufa, que susto! Agora ele está em segurança e pode voltar a perseguir o criminoso. Sinto informar, mas na vida real o policial jamais sobreviveria a esse cenário. Além do fato de que em uma explosão o ar se movimenta em velocidades que podem atingir 7.500 m/s (muito mais rápido do que qualquer ser humano), o fogo se alimenta de oxigênio e, por isso, continuará crescendo em direção ao ambiente no qual o oxigênio se encontra. É isso mesmo que você entendeu: o fogo faz curva! Em um cenário real, o policial jamais teria tempo de correr até fazer a curva e, mesmo que conseguisse, ainda não seria o suficiente.

2 – Os peritos acompanham todos os estágios da investigação, inclusive a prisão do culpado.

Sim, é muito legal acompanhar os mesmos personagens ao longo das temporadas. Os peritos da equipe principal chegam a uma cena de crime que está sempre completamente isolada e preservada, recolhem todas as evidências que eles mesmos analisam nos laboratórios. Em questão de horas eles já têm todas as respostas necessárias para identificar o autor do crime. Então eles acompanham a prisão (após uma emocionante perseguição que pode, ou não, envolver uma troca de tiros) e comemoram a solução de mais um caso. Em uma perícia de verdade, não apenas os resultados das análises podem demorar dias, meses até ficarem prontos, mas cada etapa da investigação cabe a um profissional diferente! Os peritos são responsáveis apenas pelo levantamento do local de crime e por encaminhar os vestígios aos núcleos específicos (a amostra de DNA vai para o laboratório de ciências biológicas, por exemplo), analisando os resultados e emitindo um laudo com a sua conclusão do que foi possível observar.

3 – A impressão digital sempre é encontrada de forma integral e está perfeitamente preservada.

O sonho de todo papiloscopista é encontrar uma impressão digital igual à dos seriados! É possível ver com clareza todos os elementos, como o delta e as linhas albodactilares, ela está completa e igualzinha às fotos didáticas de impressões dígito-papilares. Isso sem mencionar que mesmo que o crime tenha ocorrido a dias, ninguém encostou naquela superfície e, sem querer, danificou o vestígio. Infelizmente, nas cenas de crime reais, não é possível encontrar impressões digitais em todas as superfícies e, na maior parte das vezes, tratam-se apenas de fragmentos da digital. Ainda assim, em alguns casos é possível usar esses fragmentos para a identificação do indivíduo que estava na cena do crime.

4 – É possível encontrar qualquer indivíduo no banco de dados de DNA.

Nos seriados, basta uma amostra mínima de saliva ou um único fio de cabelo para ser possível localizar um indivíduo no banco de dados, mesmo que essa pessoa nunca tenha cometido qualquer crime. Imediatamente, todos descobrem o endereço atual do suspeito e então podem questioná-lo. O primeiro país a ter um banco de dados de nível nacional foi o Reino Unido em 1995. Isso é muito recente na história da perícia, e torna impossível a identificação de todo e qualquer cidadão através de uma amostra de seu material genético. Além disso, o exame de DNA será sempre comparativo. Para que a amostra coletada no local de crime seja identificada, é necessário compará-la com o perfil genético de uma pessoa previamente identificada. No Brasil, são armazenados em bancos de perfis genéticos apenas os que forem condenados por crimes violentos contra a pessoa ou por crimes hediondos, o que é uma minoria da população.

5 – Qualquer imagem de câmera de segurança pode ser aumentada inúmeras vezes até ser possível visualizar detalhes mínimos.

Faça o teste: pegue uma foto em boa resolução e, no aplicativo de fotos de seu computador, a amplie o máximo possível. E aí, conseguiu ver detalhes com qualidade? Quando uma imagem é aumentada diversas vezes, a sua resolução acaba por perder-se. Agora, se isso aconteceu com uma imagem que já possuía alta definição, imagine fazer o mesmo com uma imagem de câmera de segurança. As câmeras utilizadas em residências e comércios têm o intuito de inibir criminosos em potencial pois eles sabem que estão sendo observados e, por isso, suas imagens não possuem alta resolução. É praticamente impossível ampliar um frame capturado por uma câmera de segurança e ainda ser capaz de identificar pequenos detalhes como um rasgo nas roupas do ofensor, ou o formato de uma pequena e delicada tatuagem em seus dedos.

Conclusão

Os seriados de investigação criminal são, sem dúvidas, responsáveis pelo aumento do interesse das pessoas pelas ciências forenses. Afinal, é realmente fantástico imaginar que o menor vestígio pode levar à revelação do autor de um crime.

Embora a realidade da vida de um perito seja bem diferente e não possua tanto glamour, ainda assim é uma profissão muito interessante e dinâmica.

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