Referência Nacional na Área Forense

Você sabe o que é um pontinho azul no meio do nada? É um vestígio hematoide que sofreu uma reação de bioluminescência ao entrar em contato com o reagente Luminol.

Não entendeu? Então calma! Leia esse conteúdo e, ao final, leia a piada novamente. Quem disse que perito não sabe contar piada?

Conheça mais sobre o reagente Luminol, que torna os vestígios hematoides visíveis durante o levantamento do local de crime.

O que é o luminol?

O luminol nada mais é do que uma das diversas marcas que fabricam uma substância em pó muito utilizada em cenas de crime. Essa substância química emite uma luz azul brilhante quando entra em contato com os íons de ferro presentes na hemoglobina, a proteína presente no sangue e que é responsável pelo transporte de oxigênio neste.

Esse reagente é composto por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (C₈H₇N₃O₂) e, na prática, é diluído em água e água oxigenada e borrifado nos locais onde o perito suspeita ser possível identificar a presença de sangue que já foi limpo ou lavado.

É isso mesmo! A reação do composto é tão sensível que mesmo que a área tenha sido lavada anteriormente, a menor quantidade de sangue residual será mais do que suficiente para desencadear a reação.

Onde o luminol detectar a presença dos íons de ferro irão aparecer manchas azuladas, que permitem que o perito saiba que naquele lugar houve derramamento de sangue.

Como se dá a utilização do reagente?

Imagine a seguinte situação: o perito é chamado para atender o local de um possível homicídio. Porém, chegando lá encontra uma casa toda arrumada e limpa, sem qualquer resquício aparente de sangue. Não parece condizente com a cena de um homicídio, não é mesmo?

Bom, depois de examinar toda a cena do crime, o perito borrifa o luminol, já em contato com a água oxigenada, nos locais onde acredita ser possível haver resquícios de sangue.

Isso sempre é feito após coletar todos os outros vestígios pois o luminol pode danificar outras evidências.

Para facilitar a visualização dos vestígios azulados, é necessário que o ambiente seja um pouco escurecido. Por isso, muitos peritos preferem utilizar o luminol no final da tarde ou no começo da noite.

Na realidade, a reação de quimiluminescência é causada pelo contato dos átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio que constituem o reagente com a água oxigenada (O₂H₂), mas esta é uma reação tão lenta que necessita de um catalisador, que é justamente o ferro presente na hemoglobina o sangue!

A reação ocorre da seguinte maneira:

  • O reagente em pó é misturado em um líquido contendo água oxigenada em um borrifador
  • O perito espirra essa mistura onde suspeita haver resquícios de sangue
  • Se o luminol entrar em contato com o sangue, o ferro presente na hemoglobina irá acelerar a reação de oxigenação entre a água oxigenada e o luminol
  • Nessa reação, o luminol perde átomos de nitrogênio e hidrogênio e recebe átomos de oxigênio, gerando um composto que se chama 3-aminoftálico
  • Durante essa reação, os elétrons se movimentam, liberando energia na forma de uma luz azulada
  • Pronto, agora o perito já sabe onde há a presença de sangue e pode fotografar esse vestígio!

O Luminol é um produto 100% confiável?

O perito borrifou o luminol na banheira da casa onde suspeita-se que ocorreu um homicídio e a banheira ficou azul! Já pode comemorar e afirmar que com certeza ali há a presença de sangue humano? Infelizmente, não.

A sensibilidade deste teste permite a detecção de sangue na proporção de uma parte em um milhão (1:1.000.000), ou seja, uma única gota de sangue em meio a 999.999 gotas de água!

Porém, este é um teste presuntivo, utilizado para orientar os exames periciais seguintes. Isso pois não é um teste específico para sangue, podendo levar a reações de falso-positivo.

O luminol sempre é utilizado então como uma forma de triagem, alertando o perito da possibilidade de naquele local haver sangue humano. Algumas outras substâncias que podem reagir com o luminol são:

  • Peroxidases de plantas
  • Produtos à base de cloro (hipoclorito)
  • Oxidantes
  • Tintas à base de óleo
  • Algumas frutas e vegetais, como laranja, banana e cenoura
  • Permanganato de potássio
  • Sulfato de cobre
  • Sulfato de ferro

Conclusão.

O luminol é uma estratégia excelente que os peritos podem utilizar em cenas do crime como um indicativo de quais testes realizar a seguir, ou como forma de entender a dinâmica que ocorreu em um local.

Caso a reação de quimiluminescência ocorra, ele já sabe que deve realizar testes de detecção de sangue humano naquela amostra, por exemplo. O uso do luminol ficou muito famoso após o caso Isabella Nardoni, em que foi utilizado e detectou uma fralda que havia sido utilizada para limpar o sangue da cena do crime e, em seguida, lavada como forma de apagar os vestígios.

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