Referência Nacional na Área Forense
Atendimento

“O corpo fala”. Normalmente quando se escuta essa frase, ela está se referindo à linguagem corporal de uma pessoa, mas na área da Medicina Legal ela também pode ser aplicada. Quando uma pessoa morre, o seu corpo passa a sofrer mudanças causadas pelos elementos da natureza.

São os fenômenos cadavéricos, e eles podem dizer muito ao perito e ao médico legal. Ficou curioso? Então leia até o final para conhecer os fenômenos cadavéricos!

O que são fenômenos cadavéricos?

De forma resumida, são todas as alterações que o corpo morto sofre com o passar do tempo. Eles podem auxiliar na determinação da hora da morte, assim como podem indicar se a morte ocorreu em um local diferente de onde o corpo foi encontrado. Isso tudo a partir das mudanças que causam ao corpo humano.

A pessoa será considerada morta quando sofrer dano irreversível ao conjunto de partes do sistema nervoso central dentro do crânio, que seja suficientemente extenso a ponto de impedir a sobrevivência do restante do organismo sem equipamentos e tratamentos de suporte vital.

É a partir desse momento que se iniciam os fenômenos cadavéricos, que podem ser divididos da seguinte forma:

Fenômenos abióticos

São todos os fenômenos que evidenciam a ausência de vida. Podem ser:

Imediatos: surgem imediatamente após a ocorrência da morte, como a perda da consciência, insensibilidade, parada respiratória e circulatória, palidez e midríase, para citar alguns. Não podem dar o diagnóstico de certeza da morte, mas, quanto maior o período de tempo em que estiverem ocorrendo, maior a possibilidade da morte real ter acontecido.

Consecutivos: são consequências que a morte tem no corpo humano, então aparecem depois de decorrido um certo período de tempo. São eles:

  • Esfriamento: o corpo perde sua temperatura habitual para o meio ambiente em que se encontra;
  • Desidratação: os mecanismos de manutenção da homeostase corporal cessam, levando à perda de água corporal. Os tecidos mais expostos ficam ressecados (olhos, pele e mucosas, por exemplo);
  • Rigidez cadavérica (rigor mortis): a parada do metabolismo leva à formação de pontes de actomiosina nas fibrilas musculares, o que por sua vez causa o enrijecimento dos músculos;
  • Manchas de hipóstase: devido à ação da gravidade, o sangue passa a se acumular nas partes mais baixas do corpo, de acordo com a sua posição. Não se forma nas áreas em que há compressão tecidual, como onde as vestimentas estão comprimindo o corpo.

Fenômenos transformativos:

São os fenômenos que, de alguma forma, alteram o aspecto do corpo morto e colaboram tanto para a sua destruição quanto para a sua conservação com o passar do tempo. Podem ser destrutivos ou conservativos:

Destrutivos:

  • Autólise: é o processo de destruição causado por enzimas que estão presentes em células e tecidos do corpo. Com a parada do metabolismo, passam a atuar nos locais onde normalmente são produzidas, o que leva à degradação, e prejudica a análise microscópica de tecidos que poderiam auxiliar na determinação da causa da morte;
  • Putrefação: devido à ação de micro-organismos endógenos e exógenos ao corpo, este vai sendo destruído com o passar do tempo. É dividida em etapas:
    • Etapa de coloração: entre 18 e 24 horas após a morte, uma mancha verde começa a surgir na região abdominal e evolui com um progressivo escurecimento da pele e outros tecidos;
    • Etapa gasosa: nessa etapa que dura em torno de 2 semanas, os gases gerados pela putrefação se infiltram nos tecidos corporais, causando um aumento do volume do corpo e bolhas flácidas de gás na pele;
    • Etapa de liquefação: com o passar dos meses, os tecidos putrefeitos vão lentamente se soltando dos ossos, o que leva à última etapa da putrefação:
    • Etapa de esqueletização: a depender da localização do corpo, e do ambiente em que se encontra, pode durar de 2 a 5 anos. É nessa fase que os ossos do corpo começam a ficar expostos, até serem tudo o que resta.
  • Maceração: quando o corpo se encontra no ambiente uterino asséptico (ou seja, sem micro-organismos), a autólise vai ocorrer em meio líquido, gerando um processo de destruição tecidual que leva a uma progressiva descamação cutânea e infiltração serossanguínea dos tecidos, bem como à flacidez de partes moles e à separação das partes ósseas. Ocorre apenas com a morte de fetos intraútero.

Conservativos:

A depender dos fatores ambientais do local onde se encontra o corpo, ao invés dele ser destruído, pode ocorrer a preservação natural dos tecidos corporais mortos. Isso pode ocorrer de 3 formas:

  • Saponificação: como o próprio nome diz, o corpo fica com a textura semelhante à do sabão. Isso é devido à formação de uma substância chamada adipocera, que vai preservar o aspecto morfológico do corpo. Ocorre em corpos sepultados em locais de solo argiloso úmido, em corpos mantidos na água, ou em valas comuns que possuem vários corpos juntos;
  • Mumificação: quando um corpo é sepultado em solos arenosos e secos, ou mesmo mantidos em altitudes nas quais a umidade é muito baixa, o corpo irá sofrer um dessecamento progressivo, que passa a preservar, de certa forma, o seu aspecto morfológico;
  • Petrificação: é um fenômeno raríssimo que ocorre com os corpos de fetos de gestações ocorridas fora do útero. Cálcio é depositado na cavidade abdominal, levando à formação de litopédios.

Ufa! Você já sabia que tantos fenômenos diferentes podem ocorrer no corpo humano após a morte? Todos esses fenômenos auxiliam em muito a investigação de mortes violentas ou suspeitas. Gostou do conteúdo e se interessa pelas Ciências Forenses? Então confira todos os eventos e cursos que a FVM-Faculdade Volpe Miele oferece, clicando aqui. Referência na grande área forense, com certeza possui um curso com o qual você vai se identificar!

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